85 – Aspectos da Oração Judaica
A oração expressa, sobretudo, o louvor e o reconhecimento a Deus, por Seus benefícios, Sua Onipotência sobre a natureza e Seus atributos de justiça, de verdade e de amor para com as Suas criaturas.
A fonte para esses textos é essencialmente vinda dos Salmos (no ofício da manhã quando se rezam os últimos cinco salmos, e em cada festa um salmo a mais é escolhido segundo a circunstância). Mas existem também textos recolhidos do Livro do Êxodo para o cântico do Mar Vermelho, ou do Livro das Crônicas. Junto a esses textos bíblicos foram acrescentadas mais orações compostas pelos rabinos ou por poetas, sobretudo, os da Idade Média (foi nesse nível que se diferenciaram o rito ashkenaze do rito sefaradi).
Os pedidos são expressos através de uma oração chamada Amidá (De pé), ou "18" (segundo o número de bênçãos originais, hoje existem 19 bênçãos), ou ainda chamada Tefilá, a Oração, por excelência. Essa oração resume nela mesma todos os aspectos litúrgicos. Analisemos brevemente.
As três primeiras bênçãos "apresentam" Deus. A qual Deus a oração se dirige? O Deus das virtudes reveladas na História através dos três Patriarcas Abraão, Isaac e Jacó (1ª Bênção), ao Deus que expressa sua Onipotência na natureza (2ª Bênção), mas um Deus de proximidade não menos Santo, ou seja, sempre à parte de toda definição e aproximação humana (3ª Bênção).
A seguir aparecem treze Bênçãos (antigamente doze) de pedidos individuais (inteligência, a saúde ou a sobrevivência) ou coletivos (o Retorno à Sion, a vinda do Messias, a reconstrução de Jerusalém e do Templo). Enfim, nas últimas três Bênçãos, o fiel judeu agradece ao Eterno Deus pelos seus benefícios cotidianos e deseja a paz.
O filósofo Martin Buber colocou em evidência que esse tipo de oração mostra como é importante a relação "Eu-Tu" que se estabelece entre o Criador e a criatura.
