83 – A oração no Templo

83 A oracao no Templo

Esses dois aspectos, o "reconhecimento" e o "pedido" reaparecerão no Templo: o "reconhecimento" com o sacrifício cotidiano (tamid) "um cordeiro pela manhã e um cordeiro pelo entardecer" (Livro do Êxodo 29,39), cerimônia esta acompanhada pelos cantos dos levitas, e que expressava o louvor do povo pelos benefícios cotidianos, e  a "súplica" como aquela de Ana pronunciada no recinto do santuário para obter a graça de um menino (Cf I Samuel, capítulo 2,1).

O Templo mostra também como acontece o rito de expiação (kappara) de uma falta involuntária, expiação concretizada através do sacrifício de um animal oferecido por alguém ou por uma coletividade[1]. O sacrifício não visto como algo pontual, um tipo de indulgência, mas traduzia o resultado de um processo de arrependimento que passava pela tomada de consciência da transgressão, pela expressão verbal da falta na presença do sacerdote antes do abate do animal, e pelo consumo da carne grelhada.

Quando foi destruído o Templo de Salomão em 586 a. J. C., os Judeus na Babilônia se encontraram sem a possibilidade de realizarem um culto expiatório. Era preciso encontrar algo que substituísse esse culto: a sinagoga tinha nascido.


[1] Não existe, contudo, o sacrifício por uma falta voluntária. Veja os primeiros capítulos do livro do Levítico.