107 – Abraão Ibn Ezra

Abraao Ibn Ezra

Não se pode falar dessa época sem citar Abraão ben Meir Ibn Ezra (1089-1164), que mesmo se apresentando como exegeta (seu comentário é sempre impresso nas edições clássicas da Bíblia), não era por isso menos metafísico. De uma inteligência rara, ele abraça todas as ciências do seu tempo. Ele se tornou também matemático, astrônomo, astrólogo, médico, linguista, poeta, formidável gramático[1] e amante das artes.

Aos olhos de Basnag e de Bernard de Rossi, ele foi verdadeiramente um gênio: "Ele realizou na matemática e na astronomia descobertas tão importantes, que os mais hábeis matemáticos não hesitaram momento algum em se apropriar delas".

Viajante incansável, ele escreveu sem parar para viver. Infelizmente muitos dos seus livros referentes às ciências matemáticas e à astronomia se perderam no tempo. Felizmente por outro lado, a respeito de seu comentário bíblico, temos seus escritos e seus estudos de gramática. Ele percorreu toda a Espanha, a França, a Itália, a Grécia, a Palestina, a Pérsia, a Índia onde ele foi feito prisioneiro. Libertado, ele retornou à Europa, visitando a Inglaterra, Roma, Rodes onde ele terminou seus dias aventureiros e agitados, com 75 anos. Ibn Ezra foi muito estimado por Maimônides que em trocas de cartas com seu filho, o chama de "o Exegeta" por excelência.


[1] Assim foi chamado pelos Tossafistas em vários tratados do Talmud – Começo do ano – Roch Hashana 13a , - Jejum – Taanith 20b ou – Casamentos – Kiddouchin 37b.