115 – O Meiri

O Meiri

Entre a tendência especulativa que compreendia a Bíblia como um "super livro filosófico" e a tendência mística que nela via um "super livro esotérico", apareceu um sistema moderado, mais próximo do hebraísmo antigo, harmonizando uma exegese racional tranquila com uma fé sincera e sólida. Aqui ciência e crença não se opunham em nada, pelo contrário, essas duas irmãs inseparáveis por seu amor, avançavam juntas para anunciar a boa nova da reconciliação. Entre esses sábios do caminho do meio, citamos o Mestre da Provença Menachem ben Salomão Meiri (chamado Vidal Salomão). Nascido em Perpinhão em 1249, foi um aluno brilhante e um talmudista zeloso, com uma curiosidade insaciável nas ciências do mundo. Seus comentários sobre o Livro dos Provérbios e sobre o Tratado dos Pais eram frequentemente reimpressos, tal era a limpidez dos seus discursos que seduzia o público. Ele procurava, como Maimônides, conciliar alguns textos do Midrash com a razão, sem cair na extravagância da imaginação. Foi um racionalista moderado e rejeitava a existência dos demônios[1]. Levantou-se firmemente contra a Astrologia e as fórmulas mágicas "extraídas" dos versículos bíblicos, contra os amuletos, mas também se levantou contra aqueles que propunham um racionalismo frio e sem fervor.


[1]Wigoder, Geoffrey. Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme. Paris: Cerf, 2008. p. 652.