21 – O Período Grego

PERIODO GREGO

A Judéia passa da tutela persa para a tutela grega em 333 a. J. C., quando Alexandre, o Grande, entrou vitorioso em Jerusalém. O imperador macedônio não era um conquistador brutal, mas seu objetivo era o de expandir a civilização grega através da filosofia, das ciências, do esporte e das artes. Com certeza ele alcançou seu objetivo conseguindo seduzir os povos do baixo mediterrâneo, mas os judeus permaneceram insensíveis a ele.

Educados pela Torah, exercitados nas ciências, até com algum espírito filosófico presentes em seus comentários bíblicos, os habitantes da Judéia recusaram o projeto de Alexandre. O soberano grego espantado com essa resistência, não utiliza a força. Pelo contrário, ele quis compreender essa cultura judaica por alguns aspectos parecia com a sua. O Talmud lembrará, apesar da ocupação, uma lembrança positiva deste encontro e Alexandre será citado sempre em aspectos positivos e de elogios.

A família dos Ptolomeus, que sucedeu Alexandre em 323 a. J. C., confirmou os privilégios dos judeus. Em Alexandria no Egito uma comunidade de mais de mil habitantes se desenvolveu e uma sinagoga magnífica se ergueu segundo os testemunhos que nos chegaram, antes de ser destruída alguns séculos mais tarde.[1]

Longe da Judéia, esses exilados esqueceram o hebraico. E depois a Torah e toda a Bíblia foi traduzida para o grego. O Pentateuco grego traz o nome de Setenta, em referência aos setenta sábios que a traduziram. Foi a partir dessa tradução que a mensagem de Israel chegou ao mundo dos pagãos, e isso gerou um proselitismo importante e encorajador.

Na Judéia depois do desaparecimento dos escribas, o poder de governo da nação vassala era repartido entre duas personalidades importantes: o Príncipe (Nassi) e o Presidente do Tribunal rabínico (Av beit-din). O primeiro exercia a autoridade política e o segundo exercia o poder religioso, o que era o poder do Sumo Sacerdote no culto do Templo.

Na mesma época os contrato entre os habitantes da Judéia e os Gregos se multiplicavam seja em âmbito comercial ou social. Com certeza, alguns judeus optaram pela cultura do conquistador, mas não estamos falando da cultura de um Pitágoras, de um Aristóteles ou de um Platão, mas um helenismo que se traduzia em frivolidades, procura de luxo e luxúria. Pouco a pouco, como aconteceu na época dos reis de Israel e de Judá, a prática religiosa foi abandonada, a circuncisão esquecida, o estudo negligenciado, o respeito ao Sábado relativizado.

Quando o rei sírio Antíoco IV da família dos Selêucidas subiu ao trono, ele pensou que poderia ter sucesso justamente lá onde Alexandre tinha falhado: converter os judeus, cuja maioria já estava conquistada na sua causa. Ele pensou que o povo seguiria a aristocracia. Desconsiderou a fidelidade do povo judeu aos escribas e aos mestres. Quando o rei coloca estátuas de Zeus no recinto do Templo, não foi a conversão, mas a revolta que ele recebeu em troca. O velho sacerdote Matatias da família dos Hasmoneus, mas sobretudo seu filho mais velho, Judas, liderou uma guerrilha sem piedade contra o invasor. Por três vezes, Antíoco IV enviou fortes tropas, mas Judas e seus homens as venceram, afastando os Gregos e libertando Jerusalém em 165 a. J. C.. Notemos que os motivos do combate contra o invasor não eram iguais para todos: alguns consideravam que a independência política andaria junto com a independência religiosa, e somente um Estado judeu soberano garantiria o culto. Outros, chamados de 'os piedosos', somente tinham pegado em armas para defender o Templo violado. Essas atitudes se tornarão presentes novamente no sionismo moderno.

Essa vitória foi considerada como um milagre (assim será mencionado na liturgia), e os rabinos instituíram então a Festa de Hanuká, ou a festa da "inauguração" do Templo, ainda hoje alegremente celebrada pelo acendimento de pequenas velas.

O combate final contra a Síria aconteceu em 143 a. J. C. com o último filho de Matatias, Simão, que foi proclamado sumo sacerdote e alcançou o título de Nassi do novo Estado Judeu.


 [1] Cf. Haddad, Philippe. Pour expliquer le judaïsme a mes amis. Paris: Editions in Press, p. 50