AELIA CAPITOLINA

Os intentos de reconstruir a cidade de Jerusalém foram violentamente combatidos pelos samaritanos e sutilmente minados pelas autoridades persas. Entretanto, sob a liderança de Ezra e Neemias, tendo numa mão a espada e na outra a colher de pedreiro, as paredes da cidade foram reconstruídas, o Templo voltou a existir (embora num padrão mais humilde) e os judeus voltaram a habitar em Jerusalém. Na época do Rei David, a cidade ficava ao sul do Monte do Templo. Na época do Segundo Templo, a maior parte da cidade ficava a oeste do Monte do Templo. Mas a soberania judaica e sua hegemonia na cidade tiveram duração relativamente curta.

Alexandre, o Grande, poupou a cidade da destruição em sua vitoriosa campanha no Oriente Médio. Entretanto, a Terra de Israel ficou sob o efetivo controle grego. Foi o ponto central das guerras entre os sucessores de Alexandre – os ptolomeus no Egito e os selêucidas no norte da Síria. Após a vitoriosa revolução dos hasmoneus contra os selêucidas, mais uma vez a cidade ficou em mãos judaicas, e o Templo foi reparado e santificado. As guerras internas dos hasmoneus (entre si) trouxeram Roma ao cenário e, no ano 63 da era comum, a cidade caiu ante Pompeu e as legiões romanas.

Naquela ocasião, os romanos não destruíram a cidade ou o Templo, mas a autonomia nacional judaica terminou efetivamente pela designação de Antípatro (Antipater), e depois seu filho Herodes, como governadores da Judeia e Jerusalém. Herodes mostrou ser um assassino desnaturado, mas foi também um grande construtor. Ele tornou Jerusalém uma cidade de esplendor, e o Templo que ele reconstruiu completamente se tornou uma das maravilhas do mundo antigo. Um grande número de turistas vinha a Jerusalém para admirar suas maravilhas e sua grandeza. Mas a rebelião judaica contra o domínio romano terminou em derrota em 70 e.c. Jerusalém foi saqueada pelo exército romano, e o Templo, queimado.

Uma segunda rebelião, dessa vez contra Adriano, em 135 e.c., também terminou em derrota e os romanos então arrasaram completamente a cidade, araram o local onde havia existido o Templo e deram a Jerusalém o nome de Aelia Capitolina. Uma geração posterior de judeus retornou a Jerusalém e começou a reconstruí-la, embora a maior parte da população judaica na Terra de Israel se concentrasse agora na Galileia.

Com a queda do Império Romano, Jerusalém foi tomada pela Igreja Bizantina e muitos locais cristãos de orações foram construídos na cidade. Poucos judeus tinham permissão de viver em Jerusalém durante o período bizantino e, de fato, o centro principal da vida judaica passou a se localizar na Babilônia, e não mais na Terra de Israel. No século 7, os muçulmanos derrotaram os bizantinos, e Jerusalém, uma cidade que não é citada nem uma vez no Corão, foi entregue ao islã. Os muçulmanos construíram grandes mesquitas na cidade, inclusive a Mesquita de Omar com sua cúpula dourada no Monte do Templo. No século 11, os cruzados conquistaram Jerusalém, assassinaram a pequena população judaica e converteram as mesquitas em igrejas. No século 13, sob o comando de Saladino, os cruzados foram expulsos de Jerusalém e os judeus foram autorizados a voltar à cidade, porém como uma comunidade dehimi, de segunda classe. Em 1267, o Rabino Moshe ben Nachman (o Ramban ou Nachmânides) chegou a Jerusalém, mas tinha dificuldade de conseguir um minian (quórum) de judeus para rezar. No século 16, muitos exilados da Espanha vieram viver em Jerusalém. Mas foi no século 18 que um número substancial de judeus, tanto ashkenazim como sefaradim se estabeleceram em Jerusalém.

Em 1846, os judeus formavam a maioria populacional de Jerusalém. Nos últimos 160 anos, Jerusalém da História Moderna teve vários governantes – turcos otomanos, altos comissários britânicos e jordanianos –, e finalmente a soberania judaica foi restaurada. Esperamos que este seja realmente o final da história, embora o Monte do Templo esteja à espera de ser restaurado para o propósito estabelecido pelo Eterno. O fato de podermos viver numa Jerusalém judaica sob nossa soberania é certamente uma fonte de alegria e esperança para todos nós.


EXCERTO DO ARTIGO SOBRE PARASHA SEMANAL DA EDITORA SEFER
Cf. https://blog.sefer.com.br/numeros-significativos/