“Vivemos com o acelerador ligado, de manhã até à noite. E isso arruína a saúde mental, a saúde espiritual e a saúde física! Mais ainda: isso arruina e destrói a família e depois a sociedade. ‘No Sétimo dia, Ele descansou.’ O que os Judeus mantinham e ainda observam como sagrado: Cumprir o Shabbat. No Sábado se descansa. Um dia da semana, ao menos isso, para a gratuidade, para dar culto a Deus, para estar com a família, para jogar, para fazer todas essas coisas. Não somos máquinas!” (Papa Francisco)

Em 1998, o Papa João Paulo II escreveu uma carta apostólica sobre “A Santificação do Domingo” (Dies Domini http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/1998/documents/hf_jp-ii_apl_05071998_dies-domini.html). O propósito de sua carta era incentivar os católicos a honrar sua obrigação dominical da celebração eucarística em memória da ressurreição de Jesus: “De fato, é precisamente na Missa dominical que os cristãos revivem, com particular intensidade, a experiência feita pelos Apóstolos na tarde de Páscoa, quando, estando eles reunidos, o Ressuscitado lhes apareceu (cf. Jo 20,19) – Cf. n° 33 Dies Domini.
Enquanto o papa encorajava os cristãos a manter o domingo, ele reconhece que Jesus e seus discípulos guardavam o sábado e que muitos de seus seguidores observavam o sábado e o domingo até o século IV. O memorial do domingo da ressurreição, que começou como "uma prática espontânea mais tarde se tornou uma norma juridicamente sancionada" (cf; n°30 Dies Domini), e como o "costume" se tornou mais difundido, o domingo lentamente substituiu o sábado como o dia santo para os cristãos.

No entanto, muitos cristãos se esqueceram de que o sábado era um presente de Deus para eles e também para os judeus, um presente dado a toda a raça humana na criação. Desde o Vaticano II e a publicação do documento Nostra Aetate com sua ênfase na necessidade de os cristãos buscarem os estudos judaicos como um componente essencial da autocompreensão cristã, um novo movimento para recuperar a beleza do sábado aconteceu. O Papa escreve: “A fim de compreender plenamente o significado do domingo, portanto, devemos reler a grande história da criação e aprofundar nossa compreensão da teologia do 'sábado'” (cf. N° 8). Ele insiste que: “O preceito do sábado, que na primeira Aliança prepara o domingo da nova e eterna Aliança, radica-se, portanto, na profundidade do desígnio de Deus. Precisamente por isso, não está situado junto das normativas puramente cultuais, como é o caso de tantos outros preceitos, mas dentro do Decálogo, as « dez palavras » que delineiam os próprios pilares da vida moral, inscrita universalmente no coração do homem. Concebendo este mandamento no horizonte das estruturas fundamentais da ética, Israel e, depois, a Igreja mostram que não o consideram uma simples norma de disciplina religiosa comunitária, mas uma expressão qualificante e imprescindível da relação com Deus, anunciada e proposta pela revelação bíblica.

É nesta perspectiva que tal preceito há de ser, também hoje, redescoberto pelos cristãos. (cf. N° 13 Dies Domini)

Embora o papa não encoraje os cristãos a guardar tanto o sábado quanto o domingo como dois dias santos, ele reconhece que “sempre houve grupos dentro do cristianismo que observam tanto o sábado quanto o domingo como 'dois dias irmãos'” (cf. n° 23).

Celebramos o sábado em reconhecimento de que Deus santificou o sétimo dia com uma bênção especial e fez dele "seu dia" por excelência, um dia para celebrar o pacto de Deus com a humanidade e para reencenar o diálogo do pacto, que é o diálogo de ' casamento '(n° 14), estudarmos a reflexão sobre a porção da Torah da semana e tentarmos entender a Teologia da continuidade entre os Dois Testamentos, o Antigo e o Novo, procurando entender também o Evangelho com as riquezas desse imenso Patrimônio Comum que temos com os Judeus, que são as Sagradas Escrituras. A observância do sábado traz a religião de volta ao lar e aumenta nossa consciência da importância da Celebração do Domingo Os dois dias se iluminam.(Artigo de Maureena Fritz, NDS publicado em THE WAY SUPPLEMENT 2000/97).

Bênção das Velas:
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste com Teus Mandamentos e nos ordenaste acender a vela de Shabbat.

Kidush
Dia Sexto: E acabaram de criar-se os céus e a terra, e todo o seu exército. E terminou Deus, no dia sétimo, a obra que fez, e cessou no dia sétimo toda a obra que fez, E abençoou Deus ao dia sétimo, e santificou-o, porque nele cessou toda sua obra, que criou Deus para fazer.

Bênção do Vinho:
Bendito sejas Tu, Eterno nosso Deus, Rei do Universo, que criaste o fruto da videira.

Bênção do Pão:
Bendito sejas Tu, Eterno nosso Deus, Rei do Universo, que fazes sair o pão da terra.

Leitura bíblicas
O Shabbat Judaico no Antigo Testamento: 
Exodo 20,8-11
Deuteronômio 5,12-15
Isaías 58,13-14

Jesus, os discípulos e o Shabbat (Sábado)
Mc 3,1-6; Mc 2,25-27; At 17,1-2.

Existe um espaço para a observância do sábado entre os cristãos que também fará realçar nossa acolhida do domingo, o dia cristão de adoração. Ao pôr-do-sol, na noite de sábado, quando os cristãos se despedem do sábado, eles também oferecem boas-vindas ao domingo, o dia da alegria na ressurreição de Jesus. A bênção que encerra o sábado também é uma bênção que acolhe o Dia do Senhor. É uma bênção que é ‘kodesh lekodesh’, da santidade à santidade. Embora nossa observância do sábado seja um antegozo da eternidade no tempo, o culto dominical é um testemunho significativo da vida e da esperança que recebemos em Cristo. Em nossa observância do sábado e de nossa adoração no Dia do Senhor, oramos e esperamos pelo dia em que toda a humanidade será una, para o dia em que o Senhor será Um e o nome de Deus será Um (Zc 14, 9).

P. Fernando Gross