86 – Os objetos para o Culto

os objetos para o culto kippa

O Kippá

Se, segundo a Bíblia, somente os sacerdotes eram obrigados a cobrir a cabeça, foi a partir da Idade Média que esse uso se expandiu ao rezar com a cabeça coberta ("kippa" vem da raiz cobrir, como "kippour"). Se essa atitude era mais um costume semita do que israelita, nem por isso significa menor atitude de humildade diante da grandeza de Deus e lembrança da Presença Divina que está acima da oração. Podem ser usados por judeus praticantes diante da sociedade ou usados somente para o estudo da Torah ou para a oração.

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O Talit

O Talit é uma "veste" com quatro lados, cada um deles se prolongam com franjas rituais, os tsitsit. Para a oração, o corpo deve estar coberto. Não somente a nudez deve ser vestida, mas sobre as vestes, o chalé com listras negras ou azuis lembram a presença de Deus nos quatro cantos da terra, bem como os mandamentos a serem cumpridos (Livro de Números 15,37 a 41). Em cada franja pendem 8 fios, um desses mais longo, será enrolado ao longo dos outros, segundo certo costume. Sempre com o valor numérico do Tetragrama Sagrado ( Y.H.W.H.) ou valor numérico correspondente a Ehad "O Eterno Deus é Um". O judeu se cobre da Presença de Deus e de sua unidade durante o ofício. Chama-se em geral Talit Gadol ("grande talit") em oposição ao Talit qatan (pequeno talit) que se coloca habitualmente sob a camisa[1].

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Os Tefilins

Os Tefilins são duas caixas em formato de cubos negros que contém cada um as quatro passagens bíblicas que a eles fazem referência (Ex 13,1-10; Ex 13, 11-16; Dt 6,4-8 e Dt 11,13-21). Dessas caixas se prolongam tiras. No decurso do ofício da manhã (menos no Shabat e nos dias de festa) o fiel judeu as coloca respectivamente sobre o seu braço esquerdo bem ao lado do coração e sobre a sua cabeça. Chamados erroneamente filactérios (amuletos em grego), os tefilins não têm nada de mágico. Da raiz tefilá, eles se tornam os objetos da "oração" judaica.

A primeira menção escrita dos tefilins se encontra na Carta a Aristeu, obra anônima do século II a. J. V. escrita em Alexandria. Flávio Josefo as menciona igualmente na sua obra que data do Século I após J.C.

A cabeça, o braço, possuem funções complementares: a cabeça, para o pensamento, o braço para a ação, o coração para o sentimento. Assim como no Talit, os tefilins estão relacionados ao simbolismo das letras. De fato, sobre a caixinha da cabeça se encontra a letra Shin (Sh), o nó sobre a nuca possui a aparência da letra Dalet (D), e sobre a caixinha do braço, traz a inscrição da letra Yud (Y). Ora, essas três letras Sh D Y formam o Nome Divino Shadday, que significa Onipotente, Aquele que coloca os limites no mundo, ou seja, Aquele que mantém o mundo em sua coerência. Deste modo no decorrer da oração, o fiel é recoberto não somente pelas vestes que ressaltam o valor fundamental da oração e que o ajudam a se concentrar, mas também o corpo mesmo é portador do Nome Divino. O corpo é santificado, ele mesmo se torna um santuário vivo. Tal foi o desejo original do Eterno Deus: "Eles me farão um santuário e Eu residirei no meio deles" (Êxodo 25,8). "Não está dito Eu residirei nele, no Templo, mas no meio deles, no coração de cada um" (Rachi).

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A Mezouzá

A mezouzá, literalmente "coluna da porta", é uma pequena caixa coloca à direita de quem entra numa casa judia ou nas sinagogas que contém um pergaminho da proclamação da unidade de Deus (Deuteronômio 6,4) e alguns versículos seguintes.

A mezouzá não é um amuleto de proteção, mas lembra, diante de um lugar de passagem, a porta, que a lei divina deve ser também respeitada na vida privada tanto quanto na vida pública.


[1] Rachi, acrônimo de Rabbi Chlomo Yitschaki (Salomon Ben Isaac) (1040-1105). Foi eminente comentador judeu da Bíblia e do Talmud.