72 – Rosh HaShana – O Novo Ano

Rosh Ha Shana

Enquanto o Shabat e as Festas de Peregrinação são ligadas a acontecimentos precisos, não encontramos no texto Bíblico passagem alguma que justificasse a celebração de Rosh Hashana. Escutemos o que nos diz o Livro do Levítico (23, 24-25): "No sétimo mês, no primeiro dia do mês, será para vocês um dia de cessação, publicado ao toque de trombeta, e uma santa convocação. Não trabalhareis nesse dia e oferecereis ao Senhor um sacrifício pelo fogo".

Sem a menor referência histórica, sem relação alguma com a lei social, Rosh Hashana foi classificado entre os decretos divinos, os chamado houkim[1] (singular hok). Os rabinos ofereceram todo um sentido ao toque da trombeta, a teroua[2]. De fato, os toques de trombeta na Bíblia sempre estão associados a um acontecimento importante para a coletividade de Israel: a Revelação do Sinai, o Jubileu e a proclamação da libertação dos escravos; a convocação para o combate, para a reunião e para o deslocamento das tribos, quando terminou o exílio e o canto para o Eterno Deus. O shofar anuncia sempre a libertação. No início do ano, a libertação seria então a libertação do ser humano diante de suas paixões, de suas malvadas inclinações.


[1] Maimônides, Mishne Torah, Leis sobre o Arrependimento, Capítulo III.
[2] Cf. Haddad, Philippe. Pour expliquer le judaïsme a mes amis. Paris: Éditions In Press, 2013. p. 132.