132 – O Sionismo

O Sionismo

Entendamos bem que para compreender a questão do Sionismo iremos tratar esse assunto sobre o aspecto religioso e não político. Mas por quê? Porque se trata de mostrar que é impossível amputar da fé judaica a centralidade da Terra de Israel e da cidade santa de Jerusalém. O movimento político de retorno a Sião, quaisquer que fossem as suas motivações, colocou sua dinâmica em uma esperança que surgiu logo após a destruição do Templo, esperança que encontra suas raízes mais profundas nos discursos dos profetas.

O "Sionismo", da raiz Sion (montanha do Templo de Jerusalém), diz respeito à aspiração do povo judeu a retornar sobre a sua terra ancestral, àquela promessa da Bíblia feita aos descendentes dos Patriarcas. Unificando as tribos, Davi fez de Jerusalém a capital do Reino da Judéia. Após a destruição do primeiro Templo, os exilados lamentavam: "sobre os rios da Babilônia, nos sentávamos e chorávamos lembrando Sion. Como poderíamos elevar um canto ao Eterno em terra estrangeira? Se eu te esquecer, Jerusalém, que resseque a minha mão, que minha língua se cole ao céu da boca, se não fizer de Jerusalém a minha grande alegria" (Salmo 137, 1-6).
O retorno autorizado por Ciro para reconstruir o segundo Santuário, teve somente parte da comunidade que seguiu Esdras. Isso é um paradoxo da identidade judaica: a aspiração a uma normalidade nacional e o amor da terra de acolhimento. Talvez a instalação material pese muito mais para alguns sobre a aspiração do retorno.
Tudo isso mudará completamente no judaísmo e no mundo, quando depois do caso Dreyfus, Theodor Herzl fará do sionismo religioso um sionismo político. Para ele era urgente resolver o grave problema do antissemitismo. O sionismo apareceu, portanto, como uma resposta evidente. Hertzl criou um verdadeiro movimento político sem precedentes, associando, e isso é importante ressaltar, leigos e religiosos, reformados e ortodoxos, ashkenazes e sefaradis. Na verdade, o Sionismo se tornou um movimento coletivo de libertação nacional.
Mas a oposição não demorou a aparecer. Os ortodoxos denunciavam a blasfêmia. O decreto divino dizia para esperar o Messias libertador no exílio de Israel. O rabino hassídico Yoel Tetelbaum declarou sem rodeios que o sionismo seria "obra de Satã", opinião ainda hoje partilhada por milhares de ultra-ortodoxos do bairro de Mea Shearim, em Jerusalém. Os judeus assimilados nas nações viraram as costas ao sionismo. Depois da Shoa (Catástrofe impetrada pela segunda guerra mundial onde morreram 6.000.000 de judeus) e a criação do Estado de Israel em 1948, a maioria do povo judeu se sente emocionalmente ligado a esse jovem país, e cada um expressa na sua própria língua seus desejos para que Israelenses, Palestinos, e Estados Árabes da região encontrem rapidamente os caminhos de uma paz justa e durável.