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Termo Definição
Caim
Glossários: Primeiro Testamento

Personagem apresentado no Livro do Gênesis como o primeiro filho de Adão e Eva, o casal arquetípico da espécie humana. Tendo vindo ao mundo, Eva declara: "Eu adquiri um homem, pela graça do SENHOR" (Gn 4,1). – Aproximação do termo "qaniti" do verbo hebraico "qanah" – adquirir, comprar. Os especialistas vêem nesse nome antes, Caim ou Qayin (poderia ser "ferreiro"), uma modulação de Qenan, os Quenitas. Mas mais importante é o que o texto bíblico nos oferece com as imagens e os símbolos, dentro das mais antigas tradições a respeito das origens da humanidade.

Aqui nos é apresentado esse triste herói: Caim, autor do primeiro assassinato, possuído pela inveja, mata seu irmão Abel. Para o autor inspirado apresenta-se a ocasião para ressaltar a reprovação divina diante do fratricídio de todo homem que queira dispor, por própria iniciativa, da vida de outra pessoa. Identificado com a própria vida, o sangue, como a própria vida mesma, pertence unicamente a Deus. Derramado sem o reconhecimento de Deus, o sangue "grita por justiça" e o assassino se torna maldito seja diante do solo onde ele verteu o sangue de outro, até mesmo diante do solo de onde ele tirará a sua sobrevivência segundo a condição importa ao ser humano depois da sua falta original: Caim é afastado do lugar de onde o SENHOR se manifesta e de onde Ele dispensa seus dons através da fertilidade da terra (Gn 4,12-14). Aqui vemos os exilados condenados à vida errante do fugitivo, aparentemente à mercê do vingador do sangue (Gn 4,14) conforme a lei do Talião (Gn 9,6) que era adorada pela maioria das civilizações antigas. Mas justamente o SENHOR parece não querer que o justo castigo do culpado o encurrale no desespero e o livra da cega vingança humana. Quem matar Caim, seria ele mesmo objeto da vingança divina: "sete vezes", ou seja, a mais completa que possa existir, e para que não se ignore essa ordem o SENHOR marca Caim com um "sinal" (Gn 4,15) até que ele se distancie e vá em direção à região de Nod, "aquele dos nômades" a leste do Eden (Gn 4,16).

O autor inspirado desse trecho bíblico nos oferece um ensinamento a todos os homens de todos os tempos. Importa sim a relação do acontecimento com Deus, e não a sua data específica. O autor não está preocupado de forma científica sobre como daquela família de Adão de quatro pessoas surgiu a humanidade inteira. Não é essa a preocupação do autor inspirado. Mas ele apresenta, diante de um mundo já habitado por muitos, o personagem que reflete em como matar seu irmão levando-o a um lugar deserto: "Vamos ao campo"! Terá ele de aprender a encontrar os seus executores sobre os caminhos de seus exílio. Também de nada adiantarão as exegeses sobre quem seria a mulher que Caim conheceu (Gn 4,17ss). Na verdade os primeiros capítulos de Gênesis (Bereshit) querem nos ensinar que a humanidade nasceu de um ato do Criador, e que esta se desenvolveu depois por causa da Sua vontade e sob o Seu olhar. Mas nada querem revelar como uma espécie de "pequena crônica" sobre o Homo Sapiens, isso não interessa à História da Salvação. Caim se revoltando contra Deus e como assassino de Abel é o "homem que segue o caminho mau"[1].


[1] Cf. Gerard, André-Marie. Dictionnaire de la Bible. Paris: Robert Laffont, 1989, p. 175-176.

CANAÃ
Glossários: Primeiro Testamento

Canaã – Terra de

Nome usualmente dado da Terra de Israel desde os tempos dos Patriarcas até à época do Segundo Templo. O nome de Canaã que se encontra mencionado em documentos acadianos e nas cartas de Tell el-Amarna (Egito, século XIV a.C.) e associado na Bíblia aos filhos de Shem (Gn 9,20s). Existem numerosas alusões à terra e seus habitantes “kenaanim” ao longo de todo o Pentateuco, do livro de Josué e de Juízes. A promessa feita por Deus a Abraão e aos seus descendentes de lhes doar “toda a terra de Canaã” é sempre repetida na Bíblia (Gn 17,8; Nm 34,2, Sl 105,11 etc.). No entanto, enquanto região geográfica, Canaã não está claramente definida: aparentemente se considera que o território se estendia sobre uma superfície de 9600 km2, de Dã a Beersheva, e a Oeste do Rio Jordão, mas outros territórios são igualmente incluídos nas fontes (partes do Líbano, da Síria e a Transjordânia). A partir de 2000 a. C., os habitantes de Canaã eram maioritariamente tribos semitas do Oeste (Amorreus, Cananeus e Jebuseus), mesmo se posteriormente, invasores hindo-europeus (Hititas e o “Povo do mar” ou os Filisteus) tenham penetrado na região. “Cananeus” e “Amorreus” são designações sinônimas para a população nativa (1Sm 7,14). A civilização deles era bastante avançada, falando uma língua próxima do hebraico bíblico e prestavam fidelidade ao faraó do Egito na véspera da conquista de Israel sob a direção de Josué. Após a vitória dos Israelitas sobre 31 pequenos soberanos cananeus (cf. Js 12), suas tribos foram integradas àquelas dos vencedores. Mas os vencedores tiveram por séculos que combater as ameaças da idolatria dos cananeus e de suas práticas pagãs.


Fontes consultadas:
Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme – Paris: Bouquins Cerf/Robert Laffont, 1996, p. 166.